ARTIGO POR FABIO MESTRINER

O novo cenário competitivo exige mais Inteligência na Gestão e Embalagem

Com a pandemia que surgiu na China e rapidamente se espalhou pelo mundo, novos desafios surgiram para o setor de embalagem. Desafios que vem exigindo dos profissionais que atuam neste setor ações emergenciais e de superação de dificuldades de todos os tipos.

Todos sabemos que a embalagem é um componente fundamental para a vida humana pois ela está presente em praticamente todas as atividades necessárias à sustentação da vida, seja na proteção, conservação e transporte dos alimentos, nos medicamentos, produtos de higiene pessoal e do lar e assim por diante. Hoje podemos afirmar que a embalagem é como a eletricidade, nossa sociedade não consegue mais funcionar sem ela.

Mas, ao mesmo tempo que sua presença ajuda e apoia todas as atividades, uma vez que mais de 80% de tudo o que é produzido no mundo utiliza alguma forma de embalagem, ela tem custos que incidem na formação do preço do produto, sendo que em muitos deles, este curso tem valor relevante, razão pelo qual os profissionais de embalagem estão sempre sendo requisitados para ações que reduzam os custos deste item.

Com a pandemia, o preço das matérias primas e dos insumos os subiu vertiginosamente obrigando a indústria a se desdobrar para atender a demanda e a falta de embalagens de alguns materiais fez os preços subirem ainda mais.

Faço aqui um parênteses; no final de 2019 escrevi um artigo cujo título foi profético: Em 2020 o problema não vai ser vender, será entregar! Como tantas outras, esta profecia foi um tiro que saiu pela culatra pois em vez de faltar embalagem devido aos 3,5% de crescimento do nosso PIB previsto para o ano, tivemos um vírus mortal que derrubou não só a economia brasileira, mas as economias do mundo todo. Mas numa coisa eu acertei. “Faltou Embalagem” e isso gerou as consequências que todos tivemos que lidar.

Agora que o mundo começa lentamente a voltar à vida normal, os desafios que surgiram com a pandemia e cujos efeitos ainda se fazem sentir, precisam ser enfrentados com mais inteligência na gestão deste item fundamental que ganhou maior relevância no cenário gerado pela pandemia pois ficou claro seu impacto cada vez maior nos negócios.

No início de 2008 o Núcleo de Estudos da Embalagem ESPM produziu com a GFK um “Diagnóstico da Gestão de Embalagem no Brasil” que foi discutido num Fórum sobre este tema. Ficou demonstrado neste diagnóstico que os profissionais de embalagem pesquisados, estavam dedicados prioritariamente à “redução de Custos de embalagem e poucos conheciam o conceito de Gestão Estratégica de Embalagem, ou seja, como gerir de forma estratégica este componente fundamental de sua atividade.

Agora, importantes mudanças ocorridas em 2020 abriram a porta para a ressignificação da atividade, uma vez que para muitas empresas, a embalagem se tornou o problema que mais afetou seus negócios, seja pela falta deste item, seja pelo aumento de seus preços ou pelas mudanças geradas pelo e-commerce, as vendas online e a ação de concorrentes que compreenderam mais rapidamente as mudanças no cenário e se anteciparam em ajustar-se.

Para todos que desejam continuar no negócio e nele prosperarem fica aqui minha recomendação: A embalagem ganhou maior relevância no novo cenário competitivo e não pode mais ser tratada meramente como um insumo de produção. O conceito de “Inteligência de Embalagem”, assim como aconteceu com a “Gestão Estratégica de Embalagem” precisa ser conhecido e aplicado pois a embalagem não pode mais ser utilizada apenas para “carregar” o produto, ela precisa ajudar, deforma cada vez mais decisiva, o negócio da empresa.

Fabio Mestriner
Designer – Professor - Escritor
Professor Coordenador do Núcleo de Estudos da Embalagem ESPM
Autor dos livros: Gestão Estratégica de Embalagem e Inovação na Embalagem – Manual Prático