ARTIGO POR FABIO MESTRINER

“El Chapo” não entendia nada de embalagem

Às vezes fica difícil para quem é do ramo lidar com o desconhecimento que o público leigo em geral manifesta sobre este item tão importante e presente em suas vidas.

Tomar banho, lavar os cabelos, escovar os dentes, tomar um yogurte, comer um macarrão a bolonhesa, isto sem falar na cervejinha, na água mineral, no leite, no café e tantas outras coisas corriqueiras em nosso dia a dia que contam com a participação sempre presente e indispensável de uma embalagem.

Outro dia, assistindo uma série de TV sobre o notório traficante mexicano “El Chapo” atualmente preso numa penitenciária dos Estados Unidos, me deparei com uma cena onde o bandido perseguido por seus inimigos vai resgatar uma fortuna que havia enterrado numa área rural.

No episódio em questão, seus capangas cavam o chão e retiram o que parece ser tambores ou barricas repletas de notas de dinheiro apodrecidas pelo efeito da umidade. O desespero do personagem diante desta tragédia me chamou a atenção para o fato de haver gente como ele que não entende que a proteção e a conservação do conteúdo constituem funções básicas que toda embalagem precisa atender.

El Chapo perdeu uma fortuna porque não entendia nada de embalagem. O professor Cabral da Mauá costuma ensinar a seus alunos que ao se projetar uma embalagem precisamos responder a duas perguntas fundamentais:

“1- O que o consumidor deseja e 2- Como o produto estraga”.

O triste nesta história é que o mesmo que aconteceu com o bandido traficante, ocorre com muitas empresas que ainda utilizam embalagens inadequadas, pobres e fracas que não ajudam seus produtos a competir num mercado que a cada dia se torna mais competitivo, resultando por isso em grandes perdas que não são percebidas nem calculadas.

Enterram dinheiro em embalagens ruins e somam prejuízos continuados pois deixam de lucrar com a contribuição que embalagens melhores poderiam lhes trazer.

Estou me referindo aquelas empresas que não entendem que as funções da embalagem vão muito além de evitar que o produto estrague, pois, devido ao custo que representam para a empresa precisam gerar retorno para o negócio ajudando o produto a ter maior valor percebido e ser mais competitivo no ponto de venda.

Já escrevi muitas vezes que a embalagem não pode mais ser usada apenas para carregar o produto. Por se tratar de uma poderosa ferramenta de marketing ela deve ser utilizada em todo o seu potencial pois só assim estará cumprindo integralmente suas funções.

Portanto, fica aqui o meu conselho para todas as empresas que utilizam embalagens e atuam no segmento de consumo.

Fica aqui meu conselho, não façam como “El Chapo”, não enterrem dinheiro em embalagens ruins, que não valorizam seus produtos nem são utilizadas como ferramenta de marketing, veículo de comunicação da Marca e elo de conexão com a WEB.

Ofereçam a seus produtos sempre as melhores embalagens possíveis e as utilizem em todo seu potencial para ajudar o negócio e não apenas para “carregar” o tem dentro.

Fabio Mestriner
Designer – Professor - Escritor
Professor Coordenador do Núcleo de Estudos da Embalagem ESPM
Autor dos livros: Inovação na Embalagem – Método Prático e Gestão Estratégica de Embalagem.